terça-feira, 2 de junho de 2020

POLÍTICA NACIONAL DE ALFABETIZAÇÃO (PNA) E SUAS CONTRIBUIÇÕES


A educação brasileira vem apresentando resultados pouco satisfatórios em relação a diferentes aspectos envolvendo a alfabetização, não somente de crianças, como também de jovens e adultos.
Mediante os dados apresentados pela PNA, há muitos anos o Brasil vem implementando diversos planos, diretrizes, programas, etc., voltados a amenizar o problema, e os esforços não são poucos, mas os desafios são gigantes, proporcional ao tamanho do território brasileiro, que além de ser grande e diversificado, apresenta graves desigualdades.
Em contrapartida, temos vasta teoria que embasa todo o trabalho pedagógico nacional, mas que por vezes foi mal interpretada deixando a educação a mercê da própria sorte. Mas, agora é hora de unificar todo o processo educacional brasileiro e a Base Nacional Comum Curricular poderá facilitar essa unificação.
Diante disso a PNA aborda aspectos relevantes para uma proposta de alfabetização capaz de melhorar os índices desfavoráveis da educação brasileira. Ela vem com um enfoque baseado em evidências científicas, que foram a base das propostas educacionais dos países que modificaram suas políticas públicas, alcançando um progresso significativo na aprendizagem da leitura e da escrita.
Uma abordagem importante para o aprofundamento da alfabetização é a Ciência Cognitiva da Leitura, que se ocupa especialmente dos processos linguísticos, cognitivos e cerebrais envolvidos na aprendizagem e no ensino das habilidades de leitura e de escrita. Essa teoria defende a real importância do professor, pois a leitura e a escrita não é algo que se aprende de forma natural, mas é necessário que seja ensinado de modo explícito e sistemático.
Para entender todo o processo de alfabetização é importante compreender o que é Literacia, que engloba o conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes relacionados à leitura e à escrita, bem como sua prática produtiva. Assim, poderíamos complementar o processo de Literacia em Literacia Emergente, que acontece antes do processo formal de alfabetização, onde a criança aprende habilidades que serão importantes na sua trajetória escolar. E é daí que se percebe o papel fundamental da Educação Infantil, onde a criança é introduzida nos fundamentos da alfabetização. Tem-se também a Literacia Familiar, que demonstra que o êxito das crianças está fortemente relacionado às vivências e experiências que elas têm no ambiente familiar.
Porém, falar somente de leitura e escrita torna a aprendizagem singular em meio a tantos conhecimentos para que de fato torne um sujeito alfabetizado. Assim, a Numeracia diz respeito às habilidades de matemática que permitem resolver problemas da vida cotidiana e lidar com informações matemática.
É possível perceber que estes conceitos vão além dos já tão conhecidos: Alfabetização e Alfabetização Matemática; esses compreendem o sujeito como um todo, na sua integralidade, dando maior relevância ao professor e o papel da família em todo o processo.
As pesquisas recentes apontam que várias áreas do cérebro passam por modificações e adaptações, chamada de plasticidade neuronal, quando ocorre a aprendizagem do processo de leitura e escrita, pois envolve várias áreas do cérebro que se “conectam” para dar conta de decodificar, processar o som e ainda representá-lo através da escrita. E mais ainda poder compreender não só palavras, mas diferentes tipos de textos.
Para a PNA, as habilidades de leitura e escrita vão se unindo gradualmente como fios numa corda, e assim a leitura se torna cada vez mais proficiente. Com a automatização das habilidades de reconhecimento de palavras é liberado espaço na memória para os processos de compreensão.
É na Educação Infantil que inicia o primeiro contato com o ambiente escolar e a aprendizagem da leitura e da escrita depende em grande parte da bagagem linguística recebida antes da criança ingressar no Ensino Fundamental, onde se inicia formalmente a alfabetização. Por isso, o professor deve voltar o seu olhar para questões do cotidiano, não só com questões mecânicas de leitura e escrita. É considerar o famoso termo alfabetizar letrando, fazendo com que as crianças aumentem suas experiências cotidianas e principalmente aprendam a aprender, a buscar seu próprio conhecimento, através de um ensino que incentive a pesquisa, instigue a curiosidade.
A PNA, mais uma vez, deixa claro que isso deve fazer parte do cotidiano dos professores também, para que busquem conhecimento e se baseiem suas práticas nas evidências que a ciência traz para a área pedagógica.
Assim, o objetivo principal de tudo isso é garantir qualidade de ensino e aprendizagem, caminhando sempre na busca de bons resultados, com experiências prazerosas tanto para as crianças como para os professores.

Por Stephânia Silveira

Referência: BRASIL. MEC. Secretaria de Alfabetização.PNA: Política Nacional de Alfabetização. Brasília: MEC, SEALF, 2019

DEIXANDO MINHA OPINIÃO BEM PESSOAL SOBRE TUDO ISSO:
Ao redigir este texto penso, como estudante de nutrição que sou, como nosso trabalho está baseado inteiramente em evidências científicas. E por que o pedagogo deverá agir diferente? Eu estou agindo diferente na Pedagogia. Nunca li artigos científicos para embasar minha prática, apenas para trabalhos na graduação e pós. Como professora vejo que falhei muito esperando apenas materiais prontos dos cursos que faço. Mas existem professores que instigam o cognitivo dos seus alunos e vocês que propuseram a redação deste, diante a leitura da PNA me fez abrir os olhos e ver como nosso trabalho é baseado em metodologias prontas, que nos são entregues e pouco importamos de onde vem, que fundamentos estão por trás. Será que é só por falta de reconhecimento, salário... ou será por falta de curiosidade, de compromisso real com a educação, comprometimento. Devemos abrir nossa mente para o novo, para o óbvio e correr atrás de evidências, de estudos que comprovem o que realmente funciona, o que realmente traz melhorias ao campo educacional.
Obrigada professoras!

sábado, 23 de maio de 2020

NOVO NORMAL

EDUCAÇÃO NO PERÍODO DE QUARENTENA

O nosso "novo normal" tem incomodado muitas pessoas e, no mundo educacional não tem sido diferente. Como professora da rede municipal não tivemos a oportunidade de conhecer esse novo cenário, pois ainda não estabelecemos nenhum posicionamento frente a isso. Estamos esperando o consenso das autoridades local.
Porém, percebo que muitos professores, não acostumados com as câmeras, tem enfrentado diversos desafios. Os alunos tentam conciliar o espaço da casa, fazendo de conta que estão na escola. E os pais, tutores de seus próprios filhos, reconhecem, hoje, o valor de um professor.
A Internet agora transborda de cursos, congressos e palestras online, onde todos precisam ressignificar suas formas de trabalho, para manterem seus ganhos.
Sempre fui muito a favor de cursos a distância, inclusive na graduação e pós graduação, tanto que fiz todos os meus semi-presencial e, ainda fiz uma especialização em Metodologias do Ensino à Distância.  No entanto, essa forma de buscar conhecimento exige disciplina e compromisso consigo mesmo e isso não é fácil, principalmente quando falamos de crianças e muitas delas tão pequenas. 
Agora, mais do que nunca precisamos do apoio dos pais, que com seu papel de tutor, irá incentivar e estabelecer caminhos que possam amenizar os prejuízos que serão provenientes da quarentena.